segunda-feira, 26 de setembro de 2016

"Agora Sim"


Por Fabrícia Moura

No momento de uma guerra a hora noturna é a mais temerosa, pois é nesse momento que o soldados  estão fatigados, cansados pela exaustão do dia e é nesta hora que o exército contrário prepara sua estratégia, e de várias formas essas emboscadas são armadas.

É durante a noite que o inimigo gosta de agir, pois encontra o soldado disperso, sonolento, e ali a espreita aproveitando o bréu da noite para dar o bote, são nessas horas em que nos encontramos mais sensíveis, mais desarmados, ignorados pelo cansaço do dia, o stress das batalhas diárias, e como um lobo faminto e paciente o inimigo fica a observar, incansavelmente até encontrar uma brecha, mesmo que seja do tamanho da cabeça de uma agulha.

Há duas semanas me encontrei nessa batalha, o vigia da minha casa estava enfermo, hospitalizado, e no momento em que me preparei para o descanso do corpo físico, o Senhor com sua sutileza e sua amorosa sabedoria não me deixou dormir.

Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela.
Salmos 127:1

Foi uma das madrugadas mais intensas que já vivi, e foi nessa hora que pude sentir o peso de vigiar sozinha. Várias vezes naquela noite o meu coração quis se abater e desistir, pensando que não era minha responsabilidade, eu tinha que orar só pelo meu pai que estava enfermo, pela minha mãe que estava sensível, mas o Senhor não deixou. Todas as vezes que eu virava pra dormir Ele dizia – “Ainda não” – dobrei  o joelho, me armei  em Efésio 6, cantei louvores em minha cabeça, e Ele dizia “ainda não”, então eu chorei.

Como uma criança desamparada chorei, não por medo de perder meu pai terreno,  mas por medo de não aguentar sozinha, e por tantas vezes que meu pai falava “vamos orar mais” e eu não compreendia. Foi nessa hora que vi o quanto o peso de vigiar é duro, me lembrava de Neemias tampando os buracos do muro e guerreando, não murmurei ou reclamei dessa luta, mas pedi muita força para lutar, foi uma luta intensa, contra mim mesma.

Hoje vi uma frase em que dizia que a maior luta de Paulo era nunca mais voltar a ser Saulo, e fui entender o quanto eu lutei aquela noite para continuar criança espiritual, mas não deu. Tive que crescer naquela hora, então vesti minha couraça, calcei as sandálias, coloquei o capacete, peguei a espada e o escudo, foi quando Deus me ergueu e disse – “Agora sim” .

Revesti-vos de toda armudara de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.
Efésios 6:11

Foi uma longa batalha de 12 horas, uma aprendizagem em que precisei deixar a criança espiritual e me tornar o vigia da casa, pela manhã ao levantar olhei-me no espelho e vi as marcas da batalha, mas com uma suavidade e com um coração tão cheio de esperança e paz, pude senti muito real a presença do Espírito Santo, a ponto de no meio da madrugada durante um cochilo Ele chamar meu nome.

 Ao final que é só início pude entender os propósitos de Deus para tudo isso, pois depois dessa noite de batalha meu pai foi liberado do CTI pela manhã. 

Orai sem cessar.
Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco.
1 Tessalonicenses 5:17-18